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A ambivalência e a ambiguidade são duas características transversais do trabalho de Rodrigo Hernández (Cidade do México, 1983).

Entre o desenho, a pintura, o mural, a escultura e a instalação, as suas obras procuram deliberadamente a miscigenação ou a contaminação entre disciplinas. No seu universo convivem e interpotenciam-se a arte e o artesanato, a alta cultura e as manifestações populares, o passado e o contemporâneo, o privado e o político, o narrativo e o elíptico, numa lógica que dispensa hierarquias e faz da lei da atração a única regra do jogo.

Moon Foulard, a exposição que Rodrigo Hernández traz à Fidelidade Arte é o resultado da confluência de um conjunto lato de interesses do artista, postos a girar em torno de uma figura tutelar: o estilista italiano Emilio Pucci, célebre pelo modo revolucionário como imaginou a utilização de estampados na alta-costura prêt-à-porter, combinando a introdução de tecidos leves e dúcteis com composições de pendor geométrico, feericamente coloridas.

O contexto iconográfico da exposição começa e termina em Pucci, mas o seu alcance ideológico é bastante mais vasto. Na verdade, ela insere-se num longo debate sobre o lugar da expressão estética nas realizações artísticas – sobre o papel que o exercício de gosto, que o estilo, a forma, o ornamento e, em última instância, a procura pelo prazer, ainda podem desempenhar na sociedade contemporânea.

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