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Palácio do Loreto / Palácio Pinto Basto

Largo da Cordoaria Nova/ Largo das Cavalariças /Largo do Loreto / Largo das 2 Igrejas/ Largo do Chiado

 

Localizado no Largo do Chiado, antes designado por Largo do Loreto e também Largo das 2 Igrejas, por estar próximo de 2 igrejas barrocas, a Igreja da Encarnação e a Igreja do Loreto, este edifício tem uma história rica e multifacetada, que atravessa mais de 2 séculos. (1)

 

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  • 1755

    O primeiro projeto para o chafariz que viria a ser instalado no Largo do Loreto, era da autoria de Carlos Mardel, engenheiro de origem húngara que também desenhou os chafarizes da Esperança e do Rato. Foi um dos projetistas do Aqueduto das Águas Livres e um dos responsáveis da reconstrução de Lisboa após o terramoto. Face à ocorrência do terramoto de 1755, este primeiro projeto do chafariz não chegou a avançar.

  • 1771

    A estátua de Neptuno, que ornamentava o Chafariz do Loreto, por isso também chamado  Chafariz de Neptuno, era da autoria do escultor  Machado de Castro  (também autor da estátua equestre de D. José no Terreiro do Paço) e foi encomendada em 1771. Curiosamente, o financiador desta estátua, esculpida em mármore de Carrara, foi Anselmo José da Cruz, futuro Barão de Sobral, cujos herdeiros viriam a ser os principais financiadores da Bonança em 1808.

  • 1780

    Instalação do Chafariz do Loreto, também conhecido por Chafariz de Neptuno e Chafariz dos Galegos, nome este ligado ao facto de serem galegos a maioria dos cerca de 200 aguadeiros que vinham abastecer-se diariamente no chafariz.

  • 1791

    Cerca de 11 anos após a instalação do Chafariz do Loreto, o edifício original veio a ser reedificado por (João) Francisco Higino Dias Pereira sobre as ruínas de um casarão anteriormente ali existente e que terá sido destruído pelo terramoto de 1755. Este proprietário inicial foi, curiosamente, um dos fundadores de uma das primeiras seguradoras nacionais, a Companhia de Seguros Comércio de Lisboa, que aqui terá funcionado entre 1794 e 1798, data em que deixou de exercer atividade.

  • 1802 – 1804

    De 1802 a 1804 o palacete é alugado pelo representante diplomático de França, General Jean Lannes (futuro Marechal de França, Duque de Montebelo e Príncipe de Siévres), que aqui habita com a esposa Madame Louise Lannes. Pagava uma renda anual de 1.600$000 Réis. Em 10 de maio de 1894, comemorando o facto de Napoleão ter escapado a um atentado em Paris, ofereceu um grande concerto com os melhores artistas do S. Carlos e um grandioso baile.

  • 1804-1805

    O novo embaixador de França, General Jean Andoche Junot e a esposa Laure Permon, futura Duquesa de Abrantes, são os novos inquilinos do palácio. Madame Junot, que viria a escrever um livro de memórias “Recordações de uma estada em Portugal”, refere na página 89 desse livro: “…Recebia todos os dias, dava 2 bailes por mês, e concertos frequentemente. O corpo diplomático reunia-se todas as noites em minha casa: jogava-se whist e , durante esse tempo eu permanecia noutra sala onde com algumas jovens senhoras dançávamos acompanhadas ao piano…”. Era assim que o tempo se passava nos dias em que não havia ópera, o que era raro. A ópera era então excelente em Lisboa. Ele era a Catalani, Crescentini e Monbelli para a ópera séria e Marcos Portugal como compositor; para a ópera cómica, Naldi, a Gafforini, Olivieri e Fioravanti como maestro.” Este livro, tal como vários outros que a Duquesa escreveu, terão tido a orientação literária de Balzac, por quem se apaixonou, já viúva de Junot que faleceu em 1813, na sequência de uma tentativa de suicídio.

  • 1806

    João Pereira de Sousa Caldas, grande capitalista e empresário do S. Carlos, de cuja construção havia sido um dos financiadores, habita o palácio durante algum tempo. Os mais famosos artistas de ópera dessa época, que então operavam no S. Carlos, participavam nos frequentes saraus organizados no Palácio do Loreto. Em 1792, João Pereira de Sousa Caldas  foi sócio  de uma das primeiras seguradoras nacionais, a Caldas, Machado, Gildemeester, Dlz e Cª e, com José Ferreira Pinto Basto, foi um dos 8 sócios fundadores da Companhia de Seguros Lisboa, em 1818. Esta seguradora viria a ser absorvida pela Fidelidade, em 1839.

  • 1808

    Na sequência da 1ª das 3 invasões francesas, é aqui instalado parte do Quartel General do Exército Napoleónico, tendo Junot, agora comandante do exército invasor, ocupado o vizinho Palácio do Barão de Quintela, pai do Conde do Farrobo, na Rua do Alecrim.

  • 1809-1816

    Após a retirada dos invasores franceses, o espaço veio a ser ocupado por parte do Comissariado do Exército Britânico, enquanto o Marechal Wellington, em 1811 e o Marechal Beresford, em 1812/1813, ficaram instalados no Palácio do Calhariz.

  • 1820

    Cerca de 1820 o palácio é adquirido pelo comerciante e industrial José Ferreira Pinto Basto, que aqui vem habitar com a sua numerosa família e procede a obras de remodelação que se prolongam até  1833. Adaptou o andar nobre a espaço residencial, com uma grande escadaria interior e com a decoração de tetos, que os especialistas atribuem maioritariamente ao pintor Ciryllo Volkmar Machado, que também esteve envolvido na decoração de vários outros palácios em Lisboa (Palácio Quintela e Palácio Porto Côvo) e  Palácio Nacional de Mafra.

  • 1822 – 1824

    Segundo o jornalista e historiador aveirense Marques Gomes (1853-1901), amigo e colaborador da família de José Ferreira Pinto Basto, este terá instalado em 1822, nos jardins do palácio, um pequeno laboratório “a fim de descobrir barros com os requisitos necessários para fabricar porcelana”. Em 1824 viria a ser concedida autorização régia para abertura da Fábrica da Vista Alegre.

  • Publicidade do Colégio Madame Champeauxna Gazeta de Lisboa

    1830

    O edifício foi parcialmente ocupado pelo prestigiado Colégio de Madame Champeaux, que antes funcionava na Rua de S. Paulo, junto ao Arco do Marquês. Tratava-se de um “Colégio de Educação de Meninas”, onde se ensinava Francês, Inglês, Italiano e Espanhol, Dança, Música, Desenho, Geografia, História, etc., para além de “várias obras próprias de senhoras”, como coser, marcar, fazer redes e bolsas, bordar, matizar, etc.

  • 1833

    Já concluídas as obras de remodelação, José Ferreira Pinto Basto, recebe por 2 vezes no palácio o Rei D. Pedro IV, em 1833, a primeira das quais em 29 de Julho, 5 dias após a entrada em Lisboa do exército liberal, para cujo triunfo havia sido determinante o apoio financeiro de Pinto Basto.

  • 1840

    O Duque de Palmela, que então presidia ao Conselho de Ministros, habita temporariamente o edifício com a família, enquanto decorriam obras de remodelação do seu Palácio do Largo do Rato. A sua filha D. Maria Luísa Domingues, 3ª Duquesa de Palmela, artista e fundadora das Cozinhas Económicas, viria a nascer no palácio em 1841.

  • 1844 – 1848

    Hotel Peninsular, ou Hotel da Península, que foi sede da Assembleia da Península, cujos esplendorosos bailes foram famosos na época, sendo frequentados pela alta sociedade lisbonense (Vide Revista Universal Lisbonense nº 7 de 20 janeiro 1848). Ficou famoso o Baile Sarau de 29 de Março de 1845, “em benefício dos emigrados políticos e mais pessoas necessitadas”. Um dos frequentadores ilustres deste hotel foi o grande escritor português Almeida Garrett.

  • 1846 – 1853

    Sede da Companhia União Comercial e Bonança, empresa resultante da fusão da União Comercial com a Companhia de Seguros Bonança, por iniciativa do Conde do Farrobo. Um dos Diretores da empresa era Duarte Ferreira Pinto Basto, 2º filho mais velho de José Ferreira Pinto Basto.

  • 1850 – 1853

    Hotel Itália. Pertencente a Barradim, terá sido o mais luxuoso dos 3 hotéis que aqui funcionaram e foi frequentado, entre outros, pelos escritores Almeida Garrett e Alexandre Herculano. O nome Hotel Itália derivará da proximidade com a Igreja do Loreto, também conhecida por Igreja dos Italianos.

  • Planta do Chafariz do Loreto, com indicação da data de demolição

    1855

    O Chafariz do Loreto é demolido. A estátua de Neptuno vem a ser instalada em 1949 na Praça do Chile e posteriormente no Largo da Estefânia, onde ainda hoje se mantém.

  • 1856

    Sede da Real Associação Naval, fundada em 1855 sob o patrocínio do Rei D. Pedro V e que em 1911 passaria a designar-se Associação Naval de Lisboa.

  • 1864 – 1867

    O Banco Nacional Ultramarino esteve aqui sedeado desde a data da sua fundação, em Agosto de 1864, até 1867, ano em que mudou para sede própria na então Rua Nova d’El Rey, agora Rua do Comércio.

  • Documento do Ministério do Reino

    1867 – 1879

    Após incêndio nas suas instalações, o Ministério do Reino passou a funcionar aqui, até à conclusão das obras de recuperação no Terreiro do Paço, em 1879.

  • 1873

    Filial em Lisboa do Banco Comercial do Porto. Fundado no Porto, em 1835, foi um dos primeiros bancos portugueses e chegou a ter faculdade de emissão de notas, de 1836 a 1891. De 1873 a 1889 – Grand Hotel du Matta, do famoso cozinheiro João da Matta, que foi proprietário de vários e afamados restaurantes e hotéis em Lisboa. Grandes figuras da vida literária do Sec. XIX, como Ramalho Ortigão, Bulhão Pato e Guerra Junqueiro frequentaram este hotel, que terá servido inspiração a Eça de Queiroz para conceber o hotel frequentado pelo personagem Ega do conhecido romance “Os Maias”.

  • 1888

    Redação do jornal diário “O Repórter”, em que colaboraram os escritores Oliveira Martins e Fialho de Almeida. Tinha instalações no 2º andar do edifício.

  • Cartaz dos Caminhos de Ferro da Beira Alta

    1889

    Sede da Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro da Beira Alta e da Empresa de Caminho de Ferro até Santarém.

  • Brazão da Família Herédia

    1902

    Depois de vendido pela família Pinto Basto ao Comendador Nunes Teixeira, o edifício foi adquirido em 1902 por D. Josefina Clarisse Duprat de Oliveira, Viscondessa de Valmor, que o transmitiu em testamento à afilhada D. Josefina Guedes Herédia.

  • Imagem de programa da Liga Naval Portuguesa

    1904 – 1909

    Sede da Liga Naval Portuguesa, que depois viria a instalar-se no Palácio Palmela, no Calhariz.

  • 1905 – 1946

    Associação Central da Agricultura Portuguesa, designada Real Associação Central da Agricultura Portuguesa até 1910, data da implantação da República. Também funcionou aqui a Sociedade de Ciências Agronómicas de Portugal (Museu Agrícola). Nesta altura o jardim funcionou como estufa de plantas exóticas e ornamentais.

  • 1913

    Instala-se no edifício a recém fundada Companhia de Seguros “A Mundial”, pioneira no seguro de Acidentes de Trabalho em Portugal. Tinha sede no andar nobre.

  • 1925

    Por edital da Câmara Municipal de Lisboa de 19 de Maio de 1925, o até então designado “Largo das 2 Igrejas” passa a designar-se Largo do Chiado, sendo instalada no largo uma estátua do poeta António Ribeiro Chiado, da autoria do escultor Costa Mota (tio).

  • Sede de “A Mundial” com letreiro na fachada

    1937

    É colocado um letreiro luminoso de “A Mundial”

  • 1944 – 1950

    Foi instalado um elevador e o edifício sofreu outras obras de adaptação dos interiores, com projeto do conceituado Arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, para tornar o espaço mais funcional, permitindo a ocupação de todo o edifício pelos serviços da seguradora “A Mundial”, que ocorreu em 1948. O andar nobre foi alvo de uma cuidada intervenção de restauro das pinturas do teto pelo pintor Albino Moreira da Cunha.

  • 1978

    Foi promovido novo restauro dos tetos, a cargo de uma equipa chefiada pelo Mestre Edmundo Silva.

  • Símbolo da Mundial-Confiança

    1980

    Mundial Confiança – Após a nacionalização das seguradoras e na sequência da fusão de “A Mundial”  com a Companhia de Seguros Confiança, surgiu a “Mundial Confiança”, que também integrou “A Pátria”.

  • 2002

    2002

    Após a fusão da Fidelidade com a Mundial Confiança surgiu a Fidelidade Mundial, cuja marca veio a ser lançada em 2004.

  • 2013

    Em 2013, o jardim do palácio foi palco do lançamento da marca única Fidelidade, após a fusão, em 2012, entre a Fidelidade Mundial e a Império Bonança, de que resultou a  Fidelidade – Companhia de Seguros, S.A. No Pavilhão ali existente, designado Pavilhão de Caça, foi instalada uma exposição interativa, com documentos, objetos e imagens, contando uma história de mais de 200 anos.

  • Fidelidade Arte

    Fidelidade Arte

    O Palácio, alugado pela Fidelidade, mantém a sua identidade histórica e artística, compatibilizando o funcionamento dos serviços inerentes à atividade empresarial com uma galeria de arte dedicada à obra de artistas contemporâneos. Esta galeria, designada Galeria Fidelidade Arte, foi inaugurada em 2002, sendo uma contribuição da Fidelidade para a reabilitação do Chiado. Decorridos mais de 20 anos com exposições contínuas, a Galeria Fidelidade Arte faz parte do roteiro cultural de Lisboa.

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