23 de maio a 25 de julho de 2008
De segunda a sexta-feira, das 12h00 às 20h00
ALEXANDRE ESTRELA Putting fear in its place
Entrada Gratuíta
Espaço Chiado 8, Largo do Chiado, n.º 8, em Lisboa
Desde meados da década de 90, que Alexandre Estrela (Lisboa, 1971) se tem dedicado a manipular a nossa percepção. Empregando a estereoscopia, tirando partido das características específicas da câmara e do projector de vídeo para criar efeitos visuais surpreendentes ou geradores de equívocos perceptivos (feedbacks, drops), associando som e imagem de formas pouco expectáveis, ou simplesmente recorrendo a determinadas frequências sonoras (como a mítica brown tone), o artista tem vindo a associar rigores conceptuais, um grande conhecimento técnico e teórico dos suportes e técnicas que emprega, a sinapses inesperadas e a situações intrigantes.
Os seus vídeos obedecem a sistemas combinatórios complexos e sofisticados, conjugando memória, hábitos inconscientes, percepção, disposição do corpo. No entanto, este interesse nos jogos cognitivos, nas confusões entre realidade e representação, também tem vindo a ser explorado recorrendo à projecção de diapositivos, à escultura e ao desenho.
Este projecto para o Chiado 8, um conjunto de peças inéditas que pretendem materializar o medo, desmente qualquer tentativa para classificar Alexandre Estrela como um videoartista. Apesar de existirem duas projecções na exposição, elas remetem, como sempre no seu trabalho, para o aparato perceptivo do espectador, a sua localização no espaço, o que ouve e quando ouve, a forma como se desloca nas salas, aquilo com que se confronta imediatamente antes de ver os vídeos. As imagens projectadas, antes de serem peças autónomas, constituem-se como mais um elemento que contribui para essa espécie de grande escultura em que se transformou todo o Espaço Chiado 8, condicionando definitivamente a circulação dos visitantes: Alexandre Estrela decidiu alterar radicalmente o espaço, de forma a que a livre escolha do espectador, quanto ao modo como circula nas galerias, não seja sequer contemplada – no fundo, quis envolvê-lo, física e mentalmente, gerando deliberadamente determinados ritmos e tensões, enquanto cria uma intrigante estrutura narrativa.