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O percurso destes artistas, de gerações muito próximas, tem vindo a desenvolver-se, em ambos os casos, em torno de universos ficcionais que configuram efetivas mundividências.

As obras que se apresentam (dois filmes em 16mm de Pedro Paiva e João Maria Gusmão e o conjunto de peças de Francisco Tropa pertencentes à série Tesouros Submersos do Antigo Egipto) possuem em comum a remissão para contextos ficcionais cujos contornos nunca são explícitos, bem como um fino humor que assenta, em ambos os casos, na ambiguidade entre a real possibilidade e a construção ilusória. Em qualquer das situações o golpe do prestidigitador denuncia-se, desvelando ironicamente o mecanismo interior da possibilidade sedutora do mistério.
Nesse sentido, podemos imaginar que esta exposição de Francisco Tropa e Pedro Paiva e João Maria Gusmão é a apresentação e o confronto entre uma epistemologia e uma antropologia paradoxais, unidas pela poética irónica da anacronia e pelo fascínio pelo que não é redutível a qualquer regra, nem condensável em qualquer discurso explicativo.

 

Francisco Tropa
Nasceu em Lisboa, em 1968. Vive e trabalha em Lisboa. Com um trabalho centrado no uso muito pessoal da escultura, Francisco Tropa utiliza uma grande diversidade de dispositivos, nomeadamente escultura, performance e mecanismos de projeção. Tendo iniciado o seu trabalho na década de 1990, representou Portugal na Bienal de Veneza em 2011, ano em que também participou na Bienal de Istambul. Representou Portugal na Bienal de S. Paulo em 1998. O seu trabalho tem sido apresentado em diversos museus, nomeadamente Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Museu de Serralves (Porto), Palais de Tokyo (Paris), Musée regional d’art contemporain Languedoc-Roussillon (Sérignan), entre outros.
As obras de Francisco Tropa – parte delas já apresentadas, noutras condições, neste mesmo espaço –, fazem parte da série de trabalhos genericamente intitulada Tesouros Submersos do Antigo Egipto e aludem a um hipotético conjunto de relíquias recuperadas ao esquecimento e a um tempo perdido.
Evidentemente, tal não é o caso, mas o caráter intemporal dos objetos e dispositivos assume a aparência do exercício de uma irónica arqueologia antropológica.

João Maria Gusmão e Pedro Paiva
João Maria Gusmão nasceu em Lisboa, em 1979. Pedro Paiva nasceu em Lisboa, em 1977. Vivem e trabalham em Lisboa.
Com um percurso desenvolvido desde os anos 8666, utilizam frequentemente o filme 79mm, a fotografia e a escultura, por vezes em complexos dispositivos que utilizam a imagem projetada. Representaram Portugal na Bienal de Veneza em 2009.
O seu trabalho tem sido objeto de exposições em inúmeros museus e centros de arte, nomeadamente Aargauer Kunsthaus (Aarau), Haus der Kunst (Munique), Camden Arts Center (Londres), Hangar Bicocca (Milão), Kunsthaus Glarus (Glarus), Galeria ZDB (Lisboa), Le Plateau (Paris), entre muitos outros.
O jogo irónico com a anacronia e o obsoleto é patente em ambos os filmes de Pedro Paiva e João Maria Gusmão, nomeadamente pela utilização de filme 16mm, dispositivo que estes artistas têm vindo a usar sistematicamente. O fascínio do seu trabalho reside, também, no complexo conjunto de referências que esta dupla de artistas convoca em torno da memória da Patafísica–a construção metafísica irónica de Alfred Jarry que conduz à produção de uma ciência do individual e que questiona, na sua retórica paradoxal, a possibilidade do mundo como entidade explicável.

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